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  • Foto do escritorGralha Azul - Turismo e Aventura

Celebrações na Campina dos Morenos marcam Dia da Consciência Negra


O dia 20 de novembro, muito mais do que o aniversário de morte da importante figura histórica e liderança quilombola Zumbi dos Palmares, é um marco de resistência e orgulho das ancestralidades africanas. Não é um dia para se pensar nas veias históricas que entrelaçam as matrizes afro-brasileiras, porque elas estão presentes e pulsam todos os dias. Representa data alusiva ao espaço que os povos africanos e suas culturas ocupam na trajetória do Brasil enquanto povos de origem, assim como as diversas etnias indígenas. É momento de olhar para trás para poder entender o presente e construir o futuro com justiça e humanidade. Uma lembrança ao que já está estampado em nossos costumes, em nossas paisagens, em nossa gente.

No dia 22/11 (sexta), a celebração foi idealizada pela Prefeitura de Turvo-PR como uma oportunidade de integração entre os visitantes e a Comunidade Quilombola Campina dos Morenos. Promovendo a visibilidade dos povos negros e proporcionando um espaço de fala essencial à troca de saberes, o dia foi pensado entre diversas vivências culturais e ecológicas.

Numa comunidade que ainda luta pelo reconhecimento de sua identidade e que guarda pouquíssimos registros documentais de sua história, o conhecimento oral cultivado por seus moradores é essencial para compreender sua luta. Logo pela manhã, os participantes puderam acompanhar diversas falas dos representantes da Campina e de outras instâncias culturais e legais que ressaltaram a necessidade de momentos de partilha de informações e vivências com os núcleos remanescentes afro-brasileiros. Foram trazidos a público trabalhos realizados regionalmente pelas entidades públicas e iniciativa privada a fim de criar novas oportunidades de diálogo para os povos quilombolas.

O Almoço Quilombola trouxe alimentos cultivados na Campina e receitas típicas, como as das cervejas caseiras, preservadas através do tempo pelas famílias turvenses e que hoje integram o roteiro etnoturístico elaborado pela Gralha Azul - Turismo e Aventura. Logo após a degustação na sombra das árvores, tradição na comunidade, os visitantes seguiram pela trilha ecológica por entre a mata nativa preservada e onde também puderam conhecer a morada dos campinenses.

Neste caminho, diversos aspectos do cotidiano e da religiosidade foram narrados pelos próprios moradores, que explicaram, por exemplo, as propriedades curativas do Olho D’Água de São João, a trajetória da figura do santo negro São Martinho, os usos do Poço das Lavadeiras, o processo artesanal desde o plantio até a moagem do milho e preparação da Canjiquinha das Morenas, e a tecelagem das peças decorativas feitas de tiras de pano reaproveitadas e costuradas manualmente ou desenhadas e pintadas a mão, como bolsas, tapetes, bonecas, chaveiros, panos de prato e tampas decorativas das deliciosas compotas também preparadas na Campina.

Mais de 100 visitantes estiveram presentes neste dia especial, vivenciando ao lado das famílias quilombolas momentos de aprendizado e respeito à identidade negra. Projetos como a construção dos banheiros ecológicos, em parceria com a Gralha Azul, e o desenvolvimento de oficinas por meio da Associação da Comunidade, são maneiras de fazer com que os quilombolas não sejam lembrados apenas em um dia do ano, mas que sua contribuição social para a construção da cultura turvense seja sempre valorizada. A Gralha Azul agradece às famílias da Campina dos Morenos e a todos os apoiadores que praticam a consciência e a empatia todos os dias!


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